sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Trecho do livro O Menino do Dedo Verde (Maurice Druon)

"... Reapareceu mais brilhante que nunca, e dirigiu ainda um apelo a todas as estrelas da Via-Láctea, para que colaborassem com seus milhares de raios. Assim protegido pela lua e pelas estrelas, Tistu, ora andando, ora correndo pelas ruas geladas, chegou sem obstáculo até à cadeia. Ele não estava tranquilo, é claro, pois era a sua primeira experiência. 'Queira Deus que meu polegar verde funcione direitinho! E que Bigode não se tenha enganado!' Tistu foi aplicando o seu polegar por toda parte que podia: no chão, no ponto em que a parede se encontrava com a calçada, nos buracos entre as pedras, ao pé de cada haste das grades. Fez um trabalho conciencioso. Não  esqueceu nem mesmo as fechaduras do portão de entrada e a guarita onde o guarda dormia...Nem uma só janela da cadeia, nem uma só grade que não houvesse recebido sua ração de flores! As trepadeiras subiam, enroscavam-se, e caíam de novo; os cactos, na parte superior dos muros, substituíam por toda a volta as terríveis pontas de ferro. O mais curioso era talvez a guarita: a madressilva crescera tão depressa que o guarda ficara preso lá dentro. As plantas tinham o seu fuzil por estaca e bloqueavam a entrada. A multidão boquiaberta, contemplava o guarda, resignado e pacífico, fumando calmamente o seu cachimbo, dentro de um verdadeiro caramanchão. Ninguém podia explicar o milagre...Ninguém, salvo o jardineiro Bigode, que também veio espiar, mas voltou de bico calado..." 

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